CUIABÁ ABANDONADA IMPLORA POR SOCORRO AO PREFEITO WILSON SANTOS
Ronaldo Pacheco
Aproximadamente duas mil pessoas estão entregues à própria sorte, com maioria de idosos e crianças, no Jardim Ubirajara, região Oeste de Cuiabá. Com ruas esburacadas, sem água, coleta de lixo, ônibus com horário certo ou qualquer projeto social da municipalidade, a Associação dos Moradores do Jardim Ubirajara foi surpreendida com uma ação truculenta da Prefeitura de Cuiabá: a retirada de cadeiras, mesas, bebedouros e outros utensílios, até então instalados no Centro Comunitário Andelson Gil do Amaral. A medida provocou revolta na comunidade, que chegou a ameaçar o fechamento da entrada da Rodovia Helder Cândia, que liga a Capital ao Distrito da Guia, mas foram dissuadidos por uma intervenção da União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb). Alguns líderes estavam dispostos a colocar fogo em pneus e troncos de árvores, fechando a rodovia, mas foram contidos pelo primeiro secretário da Ucamb, Jonail da Costa Silva. “O estopim para explosão da comunidade foi a retirada de utensílios do Centro Comunitário, sem aviso prévio. Não houve qualquer justificativa e o prefeito ainda se diz homem do povo”, critica a presidente da Associação do Jardim Ubirajara, Jocineide da Costa Silva. “As cerca de 50 cadeiras retiradas impedem a comunidade de se reunir, regularmente, no espaço comunitário, para discutir seus problemas”, aponta ela. A vice-presidente da Associação do Ubirajara, Keyla Cristina da Silva, lamenta que a Prefeitura jamais tenha apresentado ou mesmo iniciado a discussão de qualquer projeto social ou de qualificação profissional para ser implementado no Centro Comunitário Andelson Gil do Amaral. A líder comunitária Kátia Miranda de Paula lembra que o bairro está tomado pelo lixo porque o caminhão da Qualix não atende à “parte alta” do bairro. “Caminhão de mudança sobe aqui; caminhão de entrega de móveis, também; até caminhão de limpa fossa... Mas caminhão de lixo nunca sobe”, afirma Kátia Miranda. Para a líder comunitária Leonice da Silva, servidora púbica federal, falta vontade política da prefeitura para amenizar os problemas do bairro, já que, há anos, não sobe água na caixa. Ela explica que quem tem condições, compra bomba d’água para jogar nas caixas de cima. Quem não tem, fica sem. “O prefeito veio aqui [em 2008], no lançamento de sua candidatura e falou muito em nome de Deus... Então eu perguntei: se Deus queria que ficássemos abandonados, como estávamos...! Ele virou as costas e não respondeu!”, emenda Leonice da Silva. O ancião Pedro Arcanjo da Silva, 68 anos, revela que há anos o bairro teve a promessa de Wilson Santos de asfaltamento e desapropriação de uma casa para virar rua, no Jardim Ubirajara. “A promessa nunca foi cumprida e, na parte alta do bairro, praticamente não sobe mais carros”, detona Pedro Arcanjo. A comunidade do Jardim Ubirajara está sem água, sem asfalto, sem ônibus e sem equipamentos no Centro Comunitário, mas não perde a esperança em dias melhores. “É por isso que estamos lutando”, resume Adriel Pereira, diretor da Associação dos Moradores.