Enquanto Delcimar prega "moralidade" seus familiares enriquecem através de milionários contratos com Prefeitura de Cuiabá e outros órgãos governamentais
A imprensa começou a pegar no pé do polêmico vereador Delcimar Silva. Não é pra menos, o homem é presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, assumiu pregando moralidade, independência, etc., etc., mas os fatos começam a apontar um panorama contrário. Suas ligações com o prefeito Wilson Santos, agora na mira da "grande imprensa" parecem mais que suspeitas. O envolvimento de familiares em empresas que faturam (muito) da Prefeitura e também de outros órgãos públicos chama atenção e pode ocasionar sérias dores de cabeça ao parlamentar.
Sanecap renova contrato com empresa de familiares do presidente da Câmara
CLÁUDIO MORAES
(O Documento)
A Sanecap (Companhia de Saneamento da Capital) prorrogou por mais uma vez no último dia 05 o contrato de limpeza firmado em 2006 com a empresa Luppa Administradora de Serviços e Representações Comerciais Ltda. Ao invés de abrir uma nova licitação, a empresa pública resolveu aditivar R$ 14,290 mil ao contrato com a empresa, cujos sócias atuais são Marina Capaleri e Flávia Mesquita Gonçalves, esposa do atual presidente da Câmara de Vereadores de Cuiabá, Deucimar Aparecido da Silva (PP).
Além da Sanecap, a Luppa presta serviços a outros órgãos municipais. A empresa recebe cerca de R$ 80 mil por mês para atender o sistema de limpeza do pronto socorro municipal destinando cerca de 40 funcionários contratados.
De acordo com a Jucemat (Junta Comercial do Estado de Mato Grosso), a Luppa foi constituída em 31 de maio de 1994. A única sócia que “abandonou” o capital social foi Deucélia Regina da Silva, irmã do presidente do Legislativo cuiabano que administra um duodécimo mensal de cerca de R$ 1,950 milhão.
O interessante é que Deucimar Silva nunca constou como um sócios no contrato social da empresa registrado na Jucemat com o endereço na rua Euclides da Cunha, 179, no bairro Santa Cruz, em Cuiabá. Além de contratos na prefeitura municipal de Cuiabá, a Luppa dispõe de contratos milionários no Governo do Estado e órgãos federais, todos “vencidos” em licitações públicas, com cerca de 3,4 mil funcionários contratados cedidos no global.
Segundo o procurador adjunto da prefeitura de Cuiabá, Fernando Figueiredo, existe legalidade e amparo legal para que empresas de familiares do presidente da Câmara tenham contratos com o município. “Ele (Deucimar) é ordenador de despesas na Câmara e não na prefeitura. Os poderes são distintos”, esclareceu.
Prejuízo
Mesmo garantindo não ter nenhuma participação nos negócios da Luppa, o presidente da Câmara, Deucimar Silva, age em suas explicações como o real e verdadeiro dono da empresa. Em entrevista gravada por telefone, ele explicou que todos contratos da empresa com a prefeitura de Cuiabá foram feitos sem ele ter sido eleito vereador e que estão respaldados juridicamente.
Sobre o contrato de limpeza do pronto socorro, Deucimar Silva alega levar até mesmo prejuízo em alguns meses. “A prefeitura de Cuiabá é o contrato mais barato do Brasil. Por exemplo, o hospital regional de Rondonópolis não tem a metade dos atendimentos de Cuiabá e a empresa recebe R$ 200 mil por mês com a limpeza”, explanou.
Painel
Após ter articulado a cassação de dois colegas - Ralf Leite (PRTB) e Lutero Ponce (PMDB), Deucimar Silva tem cometido alguns gastos suspeitos no comando do Legislativo. Por exemplo, em dezembro do ano passado, o presidente contratou o artista plástico Vitor Hugo dos Santos para pintar um painel de 11 metros no plenário do Legislativo.
Segundo o site do Tribunal de Contas do Estado, Deucimar Silva mandou pagar cerca de R$ 40 mil pela obra de arte. O interessante é que o gasto do dinheiro público foi efetuado sem a realização de procedimento licitatório.
A marca de Deucimar
O auto-proclamado moralista Deucimar Silva, presidente da Câmara de Vereadores de Cuiabá, tem encontrado dificuldade para manter de pé seu discurso. Sempre que pode, o moço afirma que moralizou o Poder, cortou gastos e economizou dinheiro público. Mas a realidade não é bem assim.
Em dezembro passado, por exemplo, Vitor Hugo dos Santos pintou um painel no Plenário da Câmara, medindo 11 metros por 4 metros. Pelo serviço, vai receber a bagatela de R$ 31.362,34. Com esse valor é possível comprar 140 cestas básicas e alimentar, em média, 560 pessoas durante um mês. Dá-lhe, Deucimar! (Mídia News)