PF investiga fraude milionária que beneficiou Mauro Mendes.
Esquema teria beneficiado grupo empresarial do prefeito, que responde a ação na Justiça Federal e está com os bens empresariais bloqueados
(Do Centro Oeste Popular) A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito para investigar a fraude processual orquestrada pelo ex-juiz trabalhista Luís Aparecido Ferreira Torres, à época titular do Núcleo de Conciliação do Tribunal Regional do Trabalho 23ª Região (TRT-23), por meio da qual foram beneficiados o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes Ferreira (PSB) e seu sócio Valdiney Mauro de Souza – vulgo “Ney” -, que assumiram o controle da empresa Minérios Salomão, então objeto de milionária execução naquela Justiça Especializada.
No dia 27 de janeiro, o delegado policial federal Fabrício de Azevedo Carvalho, responsável ela peça inquisitiva – IPL 0062/2015-4 SR/DPF/MT – enviou ao diretor deste hebdomadário, jornalista Antonio Carlos Milas, ofício no qual solicitou três edições nas quais foram publicadas reportagens sobre o “cabuloso causo” objeto da investigação (confira fac-símile).
Além de prontamente atendida, a autoridade policial recebeu mais que o solicitado. Acrescentamos ao pacote a edição na qual foi denunciado - com base em análise do engenheiro de minas que anos atrás elaborou o laudo de avaliação da jazida – que a reserva aurífera já teria esgotado e, portanto, não justificaria o astronômico investimento do prefeito-empresário e de seu sócio-garimpeiro. Alertamos o delegado para a possível “lavagem de cascalho”, ou mesmo a eventual legalização de ouro extraído em lavras ilegais...
Carvalho adiantou que irá requerer ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) toda a documentação referente a reservas, licenças e produção a fim de avaliar tais possibilidades. Também não descartou a eventual oitiva do engenheiro de minas. Conforme denunciou o Centro-Oeste Popular na edição 591, sob a manchete “Mauro Mendes não explica a compra da Minérios Salomão, cujas reservas já teriam esgotado”, o prefeito de Cuiabá e seu sócio ainda terão muito que explicar – agora à Polícia Federal - sobre a negociação para que assumissem o controle da antiga Minérios Salomão, hoje Maney Mineração Casa de Pedra.
Principalmente, o porquê de terem gasto mais de R$ 20 milhões para comprar o empreendimento cujas reservas auríferas já estariam praticamente esgotadas há tempo.
Depois de ter acesso, com exclusividade, ao laudo de avaliação elaborado em 1999 pelo engenheiro de minas José Abílio Manso Raimundo da Rocha e pelo geólogo Edison Franco Suszczynski – peça do processo de execução trabalhista posto sob suspeição pela Corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho 23ª Região (TRT/23) – a reportagem do Centro-Oeste Popular atentou para a projeção da reserva mineira, então estimada para exploração lucrativa por um período de aproximadamente dez anos – a lavra estaria praticamente exaurida, portanto, há quase seis anos, em 2009.
Localizado pela reportagem, Rocha reafirmou as conclusões de anos atrás e trouxe luz sobre o “nebuloso causo”.
“Esta mina vem sendo lavrada há várias décadas, desde seus primeiros trabalhos de pesquisa e historicamente há registro de exploração da época da escravidão; a maioria das cavas já atingiu seu ‘pit final’ (profundidade de 30 metros) significando, portanto, uma possível exaustão da reserva”, afirma o engenheiro de minas – especialista em Economia e Recursos Naturais e MBA em Mercado de Capitais e Derivativos